Hoje acordei e fui passear nos limites do Principado Alegria. Fiquei feliz ao constatar, mais uma vez, que a Natureza é perfeita. O que até bem pouco tempo era cinza, marrom e seco, hoje, depois de poucas chuvas, está um verde só. Tudo vivo e bonito.
Durante a caminhada fui pensando. E na minha cabeça ficou a tese de que Natureza só não recupera e rejuvenesce o ser humano. Esse nasce, cresce, fica velho e morre.
Não tem jeito. É assim mesmo. E nessa ordem. E sabe por que? Porque se a Natureza (veja que começo sempre com N maiúsculo) recuperasse o animal homem, ele simplesmente já a teria destruído. Como ela não é besta, não criou um monstro para comê- la.
Assim, pode-se dizer que, por mais que queira e insista, o animal homem nunca conseguirá destruir a Natureza. Ele sempre será derrotado por ela; seja pela sede, pela fome, doenças e catástrofes por ela mesma demandadas.
Nessa minha caminhada pelo Principado Alegria liguei meu pensamento sobre a Natureza a uma mudança radical de situação financeira e de comportamento de um amigo "rico" que visitei na semana passada.
Ele tem ódio do PT, do Lula e da Dilma. Era um dos que no primeiro semestre do ano passado estava nas ruas gritando "Fora Dilma", "Fora PT" e esnobava prestígio, poder e riqueza.
Claro que com esse perfil eu não ia falar de política na casa do homem. Fui lá só pra filar o almoço. É diabo quem perder um rango de primeira por causa de uma ideia que não tem como se tirar da cabeça dele.
Mas durante o "encher de bucho" percebi que o amigo não está nada bem de grana. Deu pena - um sentimento ruim - mas não teve jeito: tive piedade. O cara parece ter quebrado em três pedaços e ter perdido o pedaço do meio.
A casa e a presteza são as mesmas, mas alguns sinais claros me mostraram que a grana anda curta, apesar dos carros serem novos.
Primeiro, o que antes era a melhor comida do mundo, um medalhão de filé bovino, foi substituída por fatias de lagarto ao molho e bem cozidas. Estava "molin, molin ".
Segundo, não teve o vinho francês, nem antes nem depois do rango, e a sobremesa foi mesmo o velho e bom café - maratá. O nome do café estava na xícara. Acho que foi brinde.
Terceiro foi a situação do banheiro social. Lá foi que dei fé que a coisa realmente não andou boa pro amigo nos últimos seis meses, pelo menos. Só de curioso fui lá umas três vezes.
A toalha de mão é uma azul, velha conhecida. Na saboneteira, onde antes havia produto importado ou sabonete líquido, estava um sabonete preto com cheiro de Phebo. E o pior: no lixeirinho ao lado do vaso, uma sacolinha do Carvalho substituía o outrora caro saco de lixo.
Como conheço bem esses acessórios, me vi na minha casa. E de besta, como a Natureza nos mostrar, já sai do almoço pensando que estava rico como meu amigo. E mais: rico há muito mais tempo que ele.
Por Luís Brandão(Jornalista)
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